O futuro promissor da energia solar no Brasil

Entrevistas com especialistas

Mesmo no período de pandemia, que afetou severamente muitos setores, o mercado nacional de energia solar não parou de se expandir

Nesta entrevista, Marcio Takata, diretor da Greener, consultoria reconhecida pela qualidade dos seus estudos sobre o mercado de energia solar, comenta sobre a evolução do uso da energia solar no Brasil. Ele também detalha o cenário do mercado de geração distribuída solar no país e faz previsões para o futuro do setor.

Ao traçar um panorama desse mercado, Takata chama atenção para um fator que tem estimulado a expansão da energia solar: o custo. “Em apenas cinco anos, o custo do sistema de energia solar fotovoltaica para o consumidor residencial caiu de R$ 35.080,00 para R$ 19.520,00, uma queda de 44%”, observa Takata, lembrando que redução expressiva também foi observada nos sistemas vendidos para o comércio e para a indústria.

Ainda segundo Takata, a redução foi possível por causa dos serviços atrelados ao sistema. Ou seja, aspectos como mão de obra de instalação, engenharia, marketing, custo de aquisição do cliente e pós-venda ficaram mais baratos, o que possibilitou a queda do preço para o consumidor final.
“O aumento da competição, com a entrada de muitas integradoras, também está contribuindo para esse movimento de baixa de preços. Os integradores desempenham um papel fundamental, que é o de buscar o cliente, dimensionar um sistema que atenda às suas necessidades, fazer o projeto de engenharia e integrar tudo, respondendo inclusive pela instalação. Mas vale registrar que outro fator que contribuiu para a redução de preços foi o acúmulo de conhecimento das empresas de integração, que, com o passar dos anos, aprenderam a projetar, a instalar, de forma mais eficiente”, explica Takata.

Essas condições mais favoráveis ao consumidor para aquisição desses sistemas são muito bem-vindas. O Brasil enfrenta severa crise hídrica. Há 91 anos, os níveis de água não ficavam tão baixos nos reservatórios do país. Nesse cenário, a fonte solar se posiciona como importante alternativa, contribuindo para a redução da dependência de hidrelétricas no fornecimento de energia.

A elevação das tarifas de eletricidade ao longo do ano tem, inclusive, aumentado a atratividade dos projetos fotovoltaicos em todo o país, mesmo diante do cenário de valorização do dólar e do aumento dos preços dos equipamentos. Em termos de volume de módulos fotovoltaicos, o mercado brasileiro demandou 4,88 GW no primeiro semestre deste ano, superando o volume equivalente a todo ano de 2020.


A importância do Marco Legal da Energia Renovável
Ao fazer essa avaliação do cenário, Takata observa que a energia solar, seja no modelo de geração distribuída, seja no de grandes usinas, é fundamental para diversificar a matriz energética brasileira. “Considero que se trata de elemento estratégico de desenvolvimento já no curto prazo. Precisamos criar condições para o avanço das fontes renováveis”, acrescenta, pontuando que a aprovação do Marco Legal da Energia Renovável no Congresso Nacional é essencial para gerar os sinais econômicos adequados para que o incentivo ao investimento na energia solar seja mantido nos próximos anos.

O PL 5.829/2019, também conhecido como Marco Legal da Energia Renovável, foi aprovado em agosto pela Câmara dos Deputados e será agora apreciado pelo Senado Federal. A proposta consolida em lei a possibilidade de o consumidor compensar a energia elétrica na sua conta de luz por meio de sistemas de microgeração ou minigeração distribuída (MMGD). Ao fazer isso, garante ao consumidor o direito de gerar sua própria energia e reduzir assim seus gastos com eletricidade. Reconhece ainda a MMGD como estratégia para a política energética nacional. Na visão do diretor da Greener, trata-se de avanço fundamental para desenvolvimento das bases que permitirão ao Brasil se inserir em novo patamar de sustentabilidade, competitividade e inovação.

“Sempre houve participação muito importante do consumidor residencial, que, acompanhando a diminuição do preço do sistema de energia solar fotovoltaico nos últimos anos, vem ganhando ainda mais representatividade”, informa Takata. Em sua opinião, no futuro, a tendência é equilibrar a demanda do consumidor residencial e a do consumidor comercial. “Já a ampliação do uso pelo consumidor rural vem ocorrendo desde 2016, evoluindo de forma consistente, com ganho de representatividade no volume total”, acrescenta.

O segmento de varejo é o que mais instala sistema fotovoltaico entre os consumidores do tipo pessoa jurídica, com destaque para os supermercados (22%) e para os postos de combustível (9%). O segmento de serviços também se destaca. Em 2020 e 2021, o setor de saúde (clínicas, hospitais e laboratórios) representou 10% das instalações do segmento, seguido pelos escritórios em geral, como contabilidade, imobiliárias e seguradoras, com 7%.

Esses são resultados de pesquisa realizada pela Greener com 650 consumidores pessoas jurídicas de todas as macrorregiões do Brasil e de diversos setores, que instalaram sistemas fotovoltaicos na geração distribuída. O estudo constatou, ainda, que as micro e pequenas empresas lideram o uso de sistemas fotovoltaicos – mais de 74% das instalações comerciais foram direcionadas para as MPEs.

Intersolar
Entusiasta de eventos com a Intersolar, Takata acredita que eles têm o papel fundamental de fazer com que o mercado como um todo evolua. “Esses encontros ampliam o conhecimento dos players do setor e auxiliam o consumidor a entender as tecnologias. É uma oportunidade, ainda, de fortalecer o relacionamento entre os integrantes da cadeia, como fabricantes, distribuidores, integradores e outras empresas, inclusive a nossa, que está relacionada com informação, com inteligência”, conclui.

A Intersolar faz parte do evento The smarter E South America, que reunirá especialistas do setor de energia em São Paulo, no centro de convenções Expo Center Norte, entre os dias 18 e 20 de outubro. Clique aqui para adquirir seu ingresso.

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